Quando se fala em definir preços de venda, muitos empresários focam apenas na concorrência ou em margens de lucro desejadas. Contudo, há um componente que deve estar no centro dessa equação: o CMV — Custo das Mercadorias Vendidas. Ignorar esse indicador pode significar prejuízo disfarçado de faturamento: um cenário em que quanto mais você vende, mais prejuízo se tem. Neste artigo, você vai entender o que é o CMV, como ele afeta diretamente a formação de preços e por que sua gestão é essencial para a saúde financeira do negócio.
Antes de tudo, o que é CMV?
O CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) representa o custo direto que a empresa teve para adquirir ou produzir os itens que foram efetivamente vendidos em um período. Em termos simples: é o quanto custou vender aquilo que você vendeu.
Fórmula básica:
CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final
Isso se aplica especialmente ao comércio, mas o conceito pode ser adaptado à indústria e ao setor de serviços, considerando matéria-prima e insumos utilizados. Vale ressaltar que – como o próprio nome diz – é o custo apenas da mercadoria vendida. O produto comprado e não vendido não é considerado nesse custeio.
Por que o CMV é tão importante?
1. Determina sua margem real
Ao subtrair o CMV da sua receita líquida de vendas, você encontra a margem bruta. Se o CMV for alto demais, mesmo com boas vendas, a margem de lucro pode ser insustentável e seu negócio pode indicar falência mesmo antes de você pensar em economizar nas despesas.
2. Base para precificação consciente
Se você precificar um produto abaixo do seu CMV, está assumindo prejuízo desde o início. Quanto mais vendas fizer, maior vai ser o prejuízo. Já um preço muito acima, sem justificativa de valor percebido por parte do mercado, pode afastar o consumidor. Ou seja, conhecer o CMV é o ponto de partida para precificar com inteligência.
3. Impacta diretamente no fluxo de caixa
Compras mal planejadas elevam o CMV e estoques parados afetam o capital de giro. A gestão do custo e do tempo de rotação de mercadorias é essencial para não comprometer o caixa nem a curto e nem a médio prazo.
CMV na prática: como usá-lo na precificação
Vamos fazer um pequeno exercício para entender melhor como usar o CMV na precificação de produtos:
Imagine que o CMV de um produto é R$40,00. Para formar o preço de venda, você precisa considerar:
- Margem de contribuição desejada
- Custos fixos rateados
- Tributos
- Concorrência
- Percepção de valor do cliente
Exemplo 1:
CMV: R$ 40
Margem desejada: 50% (ou 0,5)
Preço sugerido: 40 / (1 – 0,5) = R$ 80
Claro que essa conta pode (e deve) ser ajustada conforme o seu modelo de negócio. Mas é um ponto de partida.
Exemplo 2:
CMV: R$40
Custos Fixos rateados: R$2
Tributos: R$8
Margem desejada: 50%
Preço sugerido: (40+2+8) / (1 – 0,5) = R$100
Exemplo 3:
CMV: R$40
Custos Fixos rateados: R$2
Tributos: R$8
Margem desejada: 50%
Preço sugerido: (40+2+8) / (1 – 0,5) = R$100
Valor de venda médio dos concorrentes diretores: R$120
Faixa de preço de venda sugerido: R$100 a R$120
Conclusão: Perceba a diferença dos preços sugeridos de venda em cenários que mais informações são levadas em consideração. Quanto mais bem munido de dados e informações do seu negócio e mercado você tiver, mais assertivo e lucrativo você pode ser na sua definição de preços. E de olho no mercado: seu cliente não vai aceitar pagar um preço por algo que ele não enxerga valor.